Trump suspende ajuda militar dos EUA à Ucrania
Trump suspende ajuda militar dos EUA à Ucrania após discussão com Zelensky
Governo dos EUA avalia que ajuda à Ucrânia não estava favorecendo uma solução pacífica, afirma fonte da Casa Branca.

A Casa Branca (EUA) confirmou nesta segunda-feira (03/03) que os Estados Unidos irão suspender temporariamente a ajuda militar à Ucrânia, que enfrenta uma guerra há três anos desde a invasão russa.
“O Presidente enfatizou seu compromisso com a paz. Precisamos que nossos parceiros também estejam alinhados com esse objetivo. Estamos pausando e reavaliando nossa ajuda para garantir que ela contribua para uma solução pacífica”, disse uma fonte da Casa Branca à CBS, parceira da BBC nos EUA.
Mais cedo, Trump criticou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky por dizer que o fim da guerra com a Rússia está “muito, muito distante”.
“O que eles têm em mente?”, questionou Trump na rede Truth Social.

o que ocorreu durante o Encontro de Zelensky e Trump
Durante um encontro na Casa Branca na última sexta-feira (28/2) para a assinatura de um acordo sobre minerais ucranianos, Trump e Zelensky tiveram um embate. O ex-presidente dos EUA acusou o líder ucraniano de estar “brincando com a Terceira Guerra Mundial”.
Na ocasião, Zelensky contestou a declaração do vice-presidente dos EUA, JD Vance, que afirmou que o “caminho para a paz” passava pela diplomacia.
O ucraniano ressaltou que o presidente russo Vladimir Putin já havia rompido acordos anteriormente, e JD Vance respondeu que Zelensky estava sendo “desrespeitoso”.
Zelensky comentou que, apesar de os EUA estarem protegidos da Rússia por um oceano, os impactos da guerra seriam sentidos “no futuro”.
O presidente dos EUA respondeu a Zelensky, afirmando que ele não deveria dizer aos americanos como se sentirem, já que “não estava em posição de fazer esse tipo de apontamento”.

Trump ameaçou: “Ou vocês fazem um acordo, ou estamos fora.”
Zelensky foi posteriormente orientado a deixar a Casa Branca, e uma coletiva de imprensa que havia sido agendada foi cancelada, assim como o acordo sobre os minerais.
Em entrevista à Fox na noite desta segunda-feira, o vice JD Vance declarou que as portas estão “abertas” para Putin e Zelensky negociarem, mas criticou a postura do presidente ucraniano na Casa Branca na semana passada.
“Contanto que Zelensky esteja disposto a falar seriamente sobre paz… Não se pode entrar no Salão Oval ou em qualquer outro lugar e se recusar a discutir os detalhes de um acordo de paz”, afirmou Vance.
Michael Carpenter, ex-diretor do Conselho de Segurança Nacional dos EUA durante o governo Biden, considerou a suspensão da ajuda militar “espantosa”.
O que pensa os EUA sobre esta Guerra
“Nesta guerra, há um agressor e uma vítima muito claros. A Rússia é o agressor, e a Ucrânia é a vítima. E estamos agindo como se fosse o inverso”, disse Carpenter à BBC. “Suspender uma ajuda essencialmente defensiva, que permite à Ucrânia defender sua pátria de um ataque brutal da Rússia, é espantoso.”
No seu segundo mandato, Trump tem surpreendido ao buscar restabelecer relações com Moscou e Putin, recusando-se a responsabilizar a Rússia pela guerra na Ucrânia.
A jornalista da BBC para a América do Norte, Nomia Iqbal, afirmou que a suspensão é “claramente uma estratégia” para pressionar Zelensky e forçá-lo a fazer concessões.
Iqbal destacou que o presidente ucraniano já indicou disposição para concessões, sugerindo que os territórios ucranianos conquistados pela Rússia permanecessem sob controle russo, enquanto as regiões ocupadas poderiam se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em fevereiro, Zelensky até mencionou que renunciaria se a Ucrânia fosse admitida na Otan.
“No entanto, o presidente Trump descartou a adesão da Ucrânia à Otan, alinhando-se com a visão de Moscou. Trump nunca disse quais concessões ele espera da Rússia, que invadiu a Ucrânia”, conclui Iqbal.